Na concepção desta pequena casa nas imediações da Aldeia de Juso, a exígua área do terreno, bem como a densidade elevada de novas casas a serem construídas na envolvente, levam-nos para uma espécie de “obsessão“ sobre as possibilidades de dilatação do espaço.
Subjacente a essa questão, está a importância de “expandir“ o espaço exterior, aspecto particularmente importante, dado que se trata de uma habitação integrada numa zona semi-rural, procurada por quem deseja a vivência dos espaços de jardim ou quintal.
Propomo-nos a resolver e clarificar, o alargamento máximo do recinto habitável na sua globalidade, tanto no referencial horizontal, como na vertical, no interior como exterior.
A casa surge estruturada em 3 pisos, que se relacionam espacialmente em corte e que possuem características distintas, em cada nível.
No piso –1, os espaços dispõem-se (tal como impõem os regulamentos) sob o contorno do piso 0. Contudo, essa ideia de ‘limite imposto’ é questionada através de ‘avanços’ ou ‘distensões’, operadas nas 3 direcções possíveis (norte, este e oeste), sob a forma de pátios e piscina. Estão integrados, neste nível, espaços de trabalho e de apoio.
No piso 0, o limite do “recinto“, surge alargado e definido através dos muros do lote. O espaço interior é configurado de forma livre.
Em coerência com a estratégia de maximizar a presença de espaço exterior ajardinado, a garagem é remetida para uma zona “encaixada“ a sul da cozinha. Neste piso localizam-se todos os espaços sociais da habitação.
No piso superior, reside a expressão mais significativa deste projecto. É configurado (até aos limites máximos permitidos pelo regulamento) uma espécie de recinto de contornos opacos, englobando quartos e respectivos pátios, que dilatam o espaço fruível e protegem a intimidade.
Na cobertura, um terraço visitável liberta finalmente o olhar que se abre numa visão de 360º, sobre o casario envolvente, na direcção do mar, ou da magnífica Serra de Sintra.
- Fotografia: FG+SG – Fernando Guerra, Sergio Guerra, ARX Portugal